João Tordo saiu da LeYa à procura "de um novo alento"

O escritor João Tordo, Prémio José Saramago em 2009, disse à Lusa que editará o novo romance em abril, mas não no grupo LeYa, de onde saiu à procura "de um novo alento".
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O escritor não adiantou qual o título do novo romance, nem em que editora será publicado, mas garantiu que é o seu "livro mais conseguido".

A nova editora de João Tordo deverá ser divulgada "dentro de duas semanas", disse à Lusa, por seu turno, uma fonte editorial.

Sobre as razões da saída do Grupo LeYa, onde sempre foi "muito bem tratado", João Tordo afirmou que "foi uma decisão instintiva".

"Andava à procura de um 'input' diferente, de um novo alento, de uma nova dinâmica criativa que, também por culpa própria, não estava a conseguir encontrar", declarou o autor de "O ano sabático", editado em 2013 pelas Publicações D. Quixote, que fazem parte do Grupo LeYa.

O escritor anunciou a sua saída na mesma semana em que as herdeiras de José Saramago não chegaram a acordo com a Editorial Caminho, do grupo LeYa, para continuar a publicar a obra do escritor galardoado em 1998 com o Prémio Nobel.

"Acho que as mudanças, em alturas de alguma estagnação, são fundamentais", argumentou João Tordo que acrescentou: "Sempre fui muito bem tratado na LeYa e tenho por lá grandes amigos. Às vezes precisamos de mudar. Foi apenas isso. Para encontrarmos novas energias e combater algum desgaste".

Sobre o novo romance, "que vem aí em abril", foi aquele que mais o "apaixonou escrever".

"Não tenho dúvidas, é o meu livro mais conseguido, aquele que mais me apaixonou escrever; é o resultado de dez anos de trabalho como romancista e escritor", afirmou Tordo.

"Vou publicar numa editora cujo catálogo admiro muitíssimo e que publica muitos autores pelos quais sou apaixonado. Tenho a certeza de que vamos ter uma excelente relação", adiantou.

Entretanto, este ano sairá pela Marcador, uma chancela da Editorial Presença, uma tradução de João Tordo do romance "Rosa Cândida", que é a estreia da escritora islandesa Audur Ava Olafsdottir, no mercado editorial português.

João Tordo começou a publicar na Temas e Debates, "O Livro dos Homens Sem Luz" (2004), tendo passado depois para a QuidNovi, onde editou "Hotel Memória" (2007) e "As Três Vidas" (2008), romance este que lhe valeu o Prémio Saramago.

Na D. Quixote, do Grupo Leya, o escritor, publicou "O bom inverno" (2010), "Anatomia dos Mártires" (2011) e "O Ano Sabático", e está incluído nas antologias de contos "Dez História Para Ser Feliz" (2009).

Tordo foi jornalista nos semanários Independente e Sábado, escreveu no Jornal de Letras e nas revistas Elle e Egoísta.

Como autor, está representando em várias antologias de contos, designadamente em "Contos de Vampiros", publicada pela Porto Editora em 2009.

José Saramago e João Tordo não são os primeiros autores a sair do grupo Leya, de onde já se desligaram José Eduardo Agualusa, vencedor do Prémio Fernando Namora 2013, com o romance "Teoria Geral do Esquecimento", editado em 2012 pela D. Quixote, e que, no ano passado, editou "A Vida No Céu", na Quetzal, Miguel Sousa Tavares, que publicou os seus dois mais recentes títulos na Clube do Autor, e Mário de Carvalho que, desde o ano passado, está a publicar na Porto Editora.

João Aguiar e Rosa Lobato faria, autores já falecidos, já tinham saído da LeYa, tendo lançado os seus últimos títulos na Porto Editora.

Num comunicado enviado à Lusa, o grupo Leya afirma que não comenta a saída de autores. "A Leya nunca comentou nem irá comentar a saída de autores. Temos o maior respeito pelos autores", lê-se numa nota do grupo editorial, presidido por Miguel Paes do Amaral.

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